Vai mulher com teus olhos de urze
e eleva-te no rasto dos gansos selvagens.
Leva o teu menino imberbe
a pervagar nas insígnias do sonho.
No cimo da montanha
espera-te um barco para velejar a tua missão.
Se água não houver
mantém à tona do olhar, o impossível;
põe depois o teu menino no barco
e leva-o às costas na rota das estrelas.
Ou deixa que dos olhos te rebente
um rio de águas em combustão.
Aí em cima
desafia os demónios a cegar-te
frente à constelação de peixes
que respira veloz no seio do limo.
Só então deves regressar ao chão com teu menino
e suster para sempre a força da vida num sonho
para quando o fôlego das mãos
se despenhar à boca dos dias.