sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CAVALGAR A DECISÃO


Quando a lua lhe cheira a rosas
o homem cavalga em livre arbítrio
sobre o dorso do cavalo
derramando no brilho das crinas
mil sins e mil nãos.

Vai procurar a escultura perfeita
da palavra decisão existente
desde o princípio da pedra.

Vai beber vinho e mel
tocar a macieza de sedas orientais
ou o aço que verga as rosas perfeitas.

Para isso deverá
- ainda que clandestinamente -
ler  Cem Sonetos de Amor de Neruda
e tactear os olhos de um peixe lúcido.

Deverá ainda
rasgar a febre da fuga e evitar
orquídeas envenenadas de ilusão
que leve presas no pescoço da vida.

Talvez e só depois disso
venha o Homem a encontrar
a escultura perfeita da palavra decisão
talhada na pedra lúcida e consciente
de dizer não ao não
se isso for o sim e a razão
de um único dia ele ser feliz.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

POEMA A 4 MÃOS


julguei ser possível o mar
o precipício doce
para o fim das vergastadas
ousei nadar até ao mar alto
lugar onde elas são inúteis
foi apenas um recorte do tempo imenso
um vento desviou a proa do navio
e devolveu-me à beira-mar
onde a verdade virgem é degolada
e passeamos com pés de larva
a natureza tudo acolhe
o bem e o mal
as ilusões idiotas
a ganância
a futilidade do poder
a beleza do amor
os sonhos puros de justiça
os gestos ancorados na verdade
conforme o ritmo e a cadência das marés
lhe comandam o remar

José Manuel Marinho (poemar-te) e Marta Vasil (lua com dona)