Quando a lua lhe cheira a rosas
o homem cavalga em livre arbítrio
sobre o dorso do cavalo
derramando no brilho das crinas
mil sins e mil nãos.
Vai procurar a escultura perfeita
da palavra decisão existente
desde o princípio da pedra.
Vai beber vinho e mel
tocar a macieza de sedas orientais
ou o aço que verga as rosas perfeitas.
Para isso deverá
- ainda que clandestinamente -
ler Cem Sonetos de Amor de Neruda
e tactear os olhos de um peixe lúcido.
Deverá ainda
rasgar a febre da fuga e evitar
orquídeas envenenadas de ilusão
que leve presas no pescoço da vida.
Talvez e só depois disso
venha o Homem a encontrar
a escultura perfeita da palavra decisão
talhada na pedra lúcida e consciente
de dizer não ao não
se isso for o sim e a razão
de um único dia ele ser feliz.