sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CAVALGAR A DECISÃO


Quando a lua lhe cheira a rosas
o homem cavalga em livre arbítrio
sobre o dorso do cavalo
derramando no brilho das crinas
mil sins e mil nãos.

Vai procurar a escultura perfeita
da palavra decisão existente
desde o princípio da pedra.

Vai beber vinho e mel
tocar a macieza de sedas orientais
ou o aço que verga as rosas perfeitas.

Para isso deverá
- ainda que clandestinamente -
ler  Cem Sonetos de Amor de Neruda
e tactear os olhos de um peixe lúcido.

Deverá ainda
rasgar a febre da fuga e evitar
orquídeas envenenadas de ilusão
que leve presas no pescoço da vida.

Talvez e só depois disso
venha o Homem a encontrar
a escultura perfeita da palavra decisão
talhada na pedra lúcida e consciente
de dizer não ao não
se isso for o sim e a razão
de um único dia ele ser feliz.

5 comentários:

  1. ______________________________________

    As ilusões são como fogos de artifícios...Lindos, deslumbrantes ante os admirados olhos, mas logo que a luz se apaga, fica apenas o mau cheiro da pólvora...Quem aprender a ver além da ilusão, encontrará finalmente a verdadeira felicidade!

    Que belo e reflexivo poema, Rita!!!

    Beijos de luz e o meu carinho, sempre...

    Zélia

    __________________________

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  2. "ler Cem Sonetos de Amor de Neruda
    e tactear os olhos de um peixe lúcido."
    É obra...
    Magnífico poema, deste asas à tua criatividade.
    Beijo, querida amiga Rita.

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  3. Vejo aqui um esboço de um novo rumo. Será?
    Toda a qualidade se mantém.
    Belo poema Rita.

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  4. "ler Cem Sonetos de Amor de Neruda
    e tactear os olhos de um peixe lúcido."

    "rasgar a febre da fuga e evitar
    orquídeas envenenadas de ilusão"

    É hora de seguir esses conselhos.
    Porque, muitas vezes, não ousamos procurar ver... o que, se calhar, até estará por demais evidente.

    :)

    Beijos

    Fa#

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  5. Idem, idem...
    Beijo, querida amiga.

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