sábado, 25 de outubro de 2014

NEGAÇÃO



Queria escrever um poema daqueles
que só os pássaros sabem ler
com seus olhos de voo.

Um poema vulcão em que a lava
tivesse a força do cheiro das rosas de maio.

Um poema de murmúrios de mar
de búzio de luz
em bebedeira de luar.

Um poema em que as palavras
recolhessem a seda das estrelas.

Um poema aceso de vermelho
a tocar a raiz da cerejeira.

Mas adio a hora de ver pássaros 
a voar na lua
e também não sei
onde estão as cerejeiras. 



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