quinta-feira, 24 de maio de 2012

POR ISSO NÃO GOSTO DE AMORAS


A lua havia de cair um dia
no chão mais próximo.
Num lugar que havia de desvelar a palavra.

Havia de tombar
era irremediável.
Sei-o agora.

Mas resvalou
desgovernada
roubada por outras solicitações.

As esplanadas
os bancos de jardim
os livros
passaram então a ser-me ardis.
De traição em punho.

Por isso
já nada se parece com a glória antiga
largada agora noutra morada.

Depois o intragável escuro.
Um escuro que não me deixa saber
o elementar e o secundário.
Entardeceram ambos.

Já nada sei
depois que o mar lambeu a areia
e desfez a palavra.
Se é que alguma vez soube.
Se é que alguma vez a palavra existiu.
E se existiu foi num instante.
Num muro de silvas
entre amoras falsas.


9 comentários:

  1. Sábio este jogo de palavras entre o título do blogue, o título do poema e todas as belas palavras que só a Rita sabe escrever.
    Bjs

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  2. tem muito que se lhe diga...
    mas... a palavra é. por si só e por tudo o que pode acrescentar-nos
    ou subtrair-nos... tantas vezes lá, assim, num silvado. fingido.
    mas a palavra é. sempre mais. do que isso.

    Beijinhos

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  3. Por vezes sentimo-nos assim...como que traidas pelo nosso saber, pelo nosso sentir...
    Beijito!



    P/s: Coloquei o meu blog "Secreta" privado, tenho enviado convites aos meus amigos para que possam continuar a le-lo. Caso não tenhas recebido, por favor informa-me para secreta@simplesnet.pt . Obrigada.

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  4. Magnífico poema.
    Gostei imenso, querida amiga.
    Beijo.

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  5. Nem todas as amoras são falsas.
    Gostei do poema.

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  6. Vim deixar um beijito! E votos de que tudo esteja bem contigo.
    :)

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  7. Não há mais amoras...?
    Rita, querida amiga, tem um bom resto de semana.
    Beijo.

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