Depois de convocadas memórias acesas de cerejas
o silêncio há-de alimentar as horas
ou a espera dos peixes virem à tona
como os dias esperam a posse do entardecer.
Como os dedos esperam o cheiro do vocabulário
traduzido pelo desejo da flor a abrir ao meio dia.
Nessa hora não haverá lugar para peixes
de olhos fundos e desvidrados.
Antes os haverá de luz
nadando no cimo das ondas
e acentuando nas guelras o silêncio
como alimento do que ainda há-de vir.